sábado, 26 de fevereiro de 2011

MEU PAI, O ZÉ

Meu pai é o cara mais honesto que eu conheço. Pode ser com o chefe dele, com uma pessoa que ele acabou de conhecer ou um parente, ele manda bala e fala EXATEMENTE o que lhe vem a cabeça. Na família temos o costume de dizer que o Zé não tem filtro! Não tem mesmo. E é assim que eu o chamo: Zé. Desde que me conheço por gente o chamo assim, apesar de eu e meu irmão nos referirmos a ele como "o papai". Vai saber, Freud explica.
O fato é que mesmo que tenhamos estados distantes por diversos motivos e em diversos momentos da minha vida, nunca deixei de admirá-lo. Seja por essa honestidade extrema, seja pelo fato de que ele me ensinou bem cedo a ser forte, corajosa e inteligente. Quando criança, queria ser meu pai, não minha mãe. Freud again...
Admirava a maneira como ele digitava no computador sem olhar para as teclas, como ele literalmente desenhava os numeros quando me ensinava matemática e como ele me ensinou a estudar história fazendo uma linha do tempo. Ele sempre sabia tudo o que eu estava aprendendo na escola. Tudo.
Ele me desafiava o tempo todo, nas minhas notas, nas lutinhas que a gente tirava em casa, na piscina, na minha memória. Ele me fez forte e competitiva.
A primeira vez que fiz um bolo na vida, foi para o aniversário dele de 50 anos e esqueci uma colher dentro. Típico bolo para levar para os presos...
Ele fez terapia com quase 60 anos de vida por minha causa. Ele que sempre segurou o choro em todos os momentos da vida e escondeu as emoções, fez terapia!!!
Meu pai é viúvo faz muito tempo e apesar de estar solteiro, sempre me deixou de herança algumas boas madrastas como ele gosta de chamar suas namoradas. Me presenteou também com um irmão caçula: pequeno Rafael, que hoje tem dois anos e é louco pela irmã!
Hoje, com quase 70 anos meu pai está recomençando novamente a vida, sem reclamar, sem fazer drama, sem se achar um coitado. Sabe? Ele é incrível.
Por essas e por outras tenho que agradecer pelo homem que é meu pai e que quando nasci, não cabia de orgulho em ter um bebê tão grande e forte.
Pois é Zé, continuo grande e forte, continuo segurando o choro e fazendo a mesma careta que você, continuo durona e corajosa, continuo minha vida sem fazer grandes dramas. Porque você me ensinou assim! Obrigada!!!

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