PACOTINHOS DE LÁGRIMAS

Rolo de papel higiênico na mão, arranco um pedaço, dobro, enxugo meu rosto, dobro o pedaço duas vezes na vertical, uma na horizontal, faço um pequeno pacotinho, que coloco de lado e cada vez que as lágrimas voltam, passo o pacotinho no rosto. Repito essa operação inúmeras vezes, só parto para outro pedaço quando o outro se esfarela e cobre meu rosto de pontinhos brancos. Tem duas noites, que esse é o ritual: falar, me emocionar, chorar, fazer os pacotinhos, me acalmar, falar, me emocionar... Cansativo, mas até certo ponto necessário. Inéditos são os temas, são as sentimentos que colocamos na mesa, as vezes me perco e volto as velhas manias e idéias.
Mas me recomponho e retomo minhas convicções, aquilo de que hoje não abro mão. Bato o pé, correndo o risco de ser o fim, mas se isso acontecer, continuarei fiel as minhas idéias. Correr atrás da felicidade significa muitas vezes sacrificar velhos sonhos.
Vou em frente, sem manipular, sem dramas, preto no branco.Todos querem garantias, eu nao sou diferente. Me sinto forte, apesar do cansaço mental e da dor nas costas que a tensão me traz.
Mais um dia nesse ritmo, as vezes acho que vou ficar louca. Mas as coisas vão mudar para melhor, de uma maneira ou de outra. Bucar a felicidade afinal é um ato de coragem e é preciso me mover e trabalhar para isso.
Sem mais.