quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SEM REMORSOS

Gostaria de ser estática, planejada como uma cozinha modulada, mulher de cama, mesa e banho, para a vida toda. Gostaria de ser mansa, cordata, calma e plácida. Penso talvez, que a vida assim seja mais branda com que é sereno.
De dentro do castelo de loucuras que é a minha cabeça não há um único dia em que eu não tente domar o animal arisco que habita em mim, não se passa um dia sem que eu me questione...
Mas quanto mais o tempo passa, menos mansa eu me torno e isso nada tem a ver com agressividade, essa tal eu  aprendo todos os dias a deixar adormecida.
Tem a ver com alguma coisa mais profunda, quanto mais eu me calo, quanto mais meu tom de voz diminui, maior é a minha vontade de mudar, de fazer tudo diferente, de me mover. O meu lugar não pode ser apenas esse, já disse, cama, mesa e banho me parece tão pouco e ao mesmo tempo tão seguro...
Manter minhas asas sobre controle está se tornando uma violência, preciso de mais, preciso de mais ar, de mais cor, de mais risos, de mais músicas, de mais, mais, mais.
Hoje li uma frase de Rubem Braga que diz: ‎"Quem viveu a vida sem se poupar, com a ALMA e o CORPO, e recebeu todas as cargas em seus nervos pode conhecer (...) essa vaga sabedoria animal de envelhecer sem REMORSOS." 
Já começo a não me preocupar com quanto será gasto, quanto vou perder, quantos pedaços vão faltar, começo a mudar.

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