Eu andava olhando para o chão, mesmo em lugares nos quais passo diariamente e conheço cada calçada, cada semáforo, eu andava olhando para o chão. Quando me dei conta percebi que perdia um verdadeiro espetáculo "acima da minha cabeça". Passei alguns anos com a cabeça enterrada nos ombros, primeiro por ser alta, mas também porque sempre andei alerta, atenta, para não cair, para não ser assaltada, para não ser atropelada. Não ando mais assim, não quero mais pedir desculpas por ser, por estar em algum lugar. Agora saboreio cada pedacinho de céu, de prédios, de pessoas que agora eu consigo olhar nos olhos.
Hoje saí bem mais cedo do trabalho porque é o primeiro jogo da Copa e cheguei com o dia claro em casa, pude aproveitar e descer na estrada e me esbaldar com o visual, a estrada estava calma e sem grandes preocupações aproveitei a vista até chegar em casa.
Estou aproveitando cada momento e tirando o melhor das coisas cotidianas, no ônibus até São Paulo,um tempo para dormir, para ler, pensar, meu trabalho, antes de tudo uma vitória e agora uma fonte de prazer, minha casa, um lugar para cuidar como se fosse uma extensão do que eu sou. Tudo isso me causa um prazer enorme e também dá medo, não sei bem lidar com momentos tão bons e mais, saber que eu conquistei tudo isso...
Aff, estou com as emoções explodindo e só escrever faz com que eu me organize e coloque cada sentimento em seu lugar.
Mesmo com medo, preciso seguir, preciso realmente enfrentar as mudanças, com todas as coisas boas, com suas responsabilidades e seus bônus. O medo não pode me paralisar e nem mesmo me fazer hesitar na certeza do que realmente quero para minha vida, não vou retroceder, nem permitir de o passado me tome o agora e menos ainda meu futuro. O que passou a gente não muda e trabalhamos com o que temos... e é muito!!!
Preciso seguir em frente e manter minha chama acesa.
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