sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O CONCRETO

Pronto! Ela estava livre. Uma frase e tudo se materializa a sua volta. Genial.
Não vai ser como da primeira vez, nunca é, vai ser pior? Talvez, talvez seja apenas mais intenso, ela pensa em recuar, mas não tem como voltar, se concretizou.
E é desse concreto que ela tem medo, em todos os sentidos da palavra, se é que é possível entender o frio do concreto, nada descreve... Ah! sim o frio de um cadáver é bem semelhante, vejam vocês.
E agora ela não vai tremer ao tirar os sapatinhos de princesa na porta. Agora ela sabe o calçar nessas ocasiões, sabe para qual santo rezar, sabe fazer a vida acontecer, se adaptar, sabe dar seus pulos como dizem por aí.
Ela sabe melhor que qualquer homem que tamanho não importa, ela sabe que precisa mesmo é fortalecer a mente para não desabar. Ela sabe que se desabar naquele concreto vai ser o fim, então ela sabe que precisa também fortalecer o corpo, será que isso é um retrocesso, ela vai voltar a ser aquela selvagem estúpida?
Quem sabe?
Ela aposta no futuro.
Ela tem a certeza de que vai doer demais, outro daqueles machucados que só ela sabe como curar.
Uma manhã ela acordou e horas depois perdeu tudo o que tinha, no final esse tudo era nada mais nada menos que uma montanha de merda. Mas não é assim que se vive? Escolhas...
Agora ela sabe que é diferente, ela sabe quanto vai perder de tempo, sabe quanto vai perder de sono e quanto no final chorar no banho será o máximo de conforto.
Mas agora ela controla quando, como e onde.
E isso é liberdade.

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