sábado, 17 de agosto de 2013

AH! SE VOCÊ SOUBESSE...


O céu está colorido de um azul marinho que eu não via há muito tempo, algumas nuvens brancas passeiam pelo céu, tão lindo, tão melancólico.
Hoje caminhei até o centro, mas você não sabe disso, não ouviu o que eu disse. Ah! Se você escutasse o que eu digo saberia das maravilhas que eu vejo por aí, da poesia que eu observo nessas minhas andanças que me impedem de enlouquecer.
Se você ouvisse mais a minha voz (e não se trata aqui de gritar ou sussurrar) do que os apitos que suas máquinas produzem, saberia que a ciclovia tem um trecho que é um túnel escuro e assustador, sem iluminação e que mais parecia um cenário de um filme de Stephen King, saberia que eu passei por lá meio que correndinho. 
Saberia que as águas do rio aqui de perto de casa ficam tão negras durante esses dias que eu poderia admirá-las por horas e foi o que eu fiz. 
Caminhei e caminhei, muito frio batendo no rosto, me fazendo sentir todo o meu corpo vivo. 
Eu tenho a música, descobri hoje, com a música tudo parece mais fácil, melhor que qualquer comprimidinho que já tomei por aí.
Eu tenho cada dia conquistado um pedacinho de mim, sou cada dia mais fiel ao que idealizei aos cinco, seis anos. Essa sou eu, e você não percebeu isso, malditos apitinhos tecnológicos... fazer o que? Essa é sua onda agora.
Você não viu, meu querido, a minha cara de prazer ao conseguir um bom lugar no ônibus e poder fechar os olhos e separar mentalmente todos os instrumentos das minhas bandas favoritas. 
Você perdeu, eu não, eu me dei boas imagens para um sono tranquilo, melhor do que qualquer boa fotografia, o que fica em  minha retina é tão mais especial e você está perdendo porque perdeu a capacidade de ouvir. 

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