sexta-feira, 26 de abril de 2013

O QUE EU POSSO FAZER

Eu consigo ser mais forte do que isso, eu consigo ter mais fibra. Só estava mal acostumada ao aconchego de um coração quente, pura acomodação.
Eu posso extirpar cada pedaço podre, cada lugar onde machuca, eu posso dissecar essa merda toda e mesmo que isso faça doer ainda mais agora eu sei que é só matar os nervos que a dor passa. Eu posso passar por isso, sempre pude.
Mesmo nos dias em que eu, idiota, acreditei que não era capaz... grande mentira, mais uma grande merda a ser eliminada.
Quantas vezes eu deixei minha vida me engolir, o que eu fiz ontem, me assombra hoje e até quando fui boa, eu errei.
Eu já sei o caminho, eu sei como se faz eu sempre soube.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

SOBRE SENTIR

"Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha ir tocando em frente"

E quando me dou conta as lágrimas saltam dos meus olhos, sem controle, já não posso mais represar. Eu choro pelo que passou, eu choro por ontem e hoje, choro pelo futuro que não passa de grande buraco negro. E eu choro porque é tão simples, não é apenas a vida? Não é apenas mais um dia?  Eu choro porque me vejo preenchendo minhas feridas com o que estiver ao meu alcance, coloco qualquer coisa para preencher o que eu nem sei mais descrever. Eu não sei sentir, eu sinto raso, jamais toquei mais que meu pé. Eu não sei me recolher, não sei me cuidar, fazer sarar as feridas, não, eu não sei. 
Tenho medo de deixar minha dor tomar conta de mim e eu nunca mais conseguir me levantar totalmente...

terça-feira, 16 de abril de 2013

MEU PÂNTANO PARTICULAR


Sei fazer rir como ninguém, me alimento do descontrole que uma gargalhada provoca no outro, daquela coisa boa e que faz faltar o ar. Sempre amei o circo, sempre tive medo dos palhaços e sendo assim, só eu sei o quanto me dói perceber aqui, olhando meu reflexo nesse monitor o quanto me pareço com um velho palhaço, poderia ser uma trapezista, uma contorcionista não seria mal, mas não sou um palhaço.
Quanto de dor meu olhar reflete, aquele choro que sempre está para acontecer, aquela lágrima que fica presa no canto do olho e que ninguém é capaz de perceber. Meus ombros se curvam, minha voz é fraca e embargada (lembra aquele choro?) e não satisfeita com o que as circunstâncias fizeram na minha vida eu ainda me esforço para torna-la cada dia mais miserável.
Alguns cultivam esperança, outros raiva, outros um jardim, eu cultivo um pântano lamacento dentro de mim, um segredo sujo, que me satisfaz de alguma maneira, só eu sei com quantas manias, quantas culpas, autoflagelos, pensamentos sóbrios. Com quantos segredos se faz um pântano?
Quem olha, me vê mediana, Mariana, eu ali falando, falando, falando, falo tanto que sofro diariamente de uma ressaca verborrágica, sempre achando que errei a mão. Não acho que interajo, eu atuo.
Venha me ver: eu arrumo a bagunça, eu jogo essência no fedor, eu troco de roupa, cubro as olheiras, eu invento, venha me ver que eu consigo te entreter, eu conto boas histórias, eu tiro lições de vida e de esperança, é só querer. Sou uma prostituta da positividade, tudo casca,  “tudo pose” eu te entretenho e você sorri, simples assim.
Você vai embora para casa pensando que a Mariana pode não ser assim tão mediana, garota otimista e batalhadora, veja lá como ela se vai com seus fones de ouvido, tão segura, eu faço com que você repense sua vida, seus valores e escolhas, eu sou um sopro de ar fresco na sua vida.
Eu sigo meu caminho e tiro meu disfarce assim que viro a esquina, volto para minha casa, tiro suas risadas da bolsa e uso como combustível para queimar no meu pântano particular.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

QUEM SAI AOS SEUS NÃO DEGENERA

Será que felicidade é genética? E a tristeza? Porque eu fico aqui pensando enquanto lavo os pratos em casa que já vi essa cena, aquela loira ali cuidando da casa e com o pensamento tão longe, mas tão longe que ela não vê aquele prato, não vê espuma, nem ao menos nota que está na cozinha, o sol das cinco da tarde entrando pelas janelas. Maldito sol dessa cidade, ela pensa. 

Ela não presta atenção em muita coisa, apenas sabe em que cidade está, sabe como foi parar lá. Mas ela sabe onde gostaria de estar e seu corpo chega literalmente a tremer ao pensar no tempo que ela perde lavando a louça. A vida saiu errado, afinal?
Eu sei como é... desde que comecei a entender que a vida é estranha, e isso aconteceu tão cedo, eu observo aquela mulher, ali na cozinha e o pensamento longe, e a tristeza de quem apenas sonhou. Eu sou fruto de alguém que apenas sonhou, uma promessa. E passei um bom tempo da minha vida vendo aquela mulher se debater contra os fatos, contra sua passividade até, como um peixe fora d’água, um desespero em mudar o que ela não tinha mais forças para mudar, ela parou de sonhar eu acho...
Essa não sou eu, é apenas assim que eu aprendi. Eu não quero ser essa mulher. Será que felicidade se herda?