terça-feira, 31 de janeiro de 2012

SOBRE ORGANIZAR E VIVER

A organização das coisas está me ajudando. Pois é: o caos que habita em minha mente, fica ligeiramente entorpecido com tudo organizado no plano físico.
Sobra espaço, facilita a convivência e me coloca em um estado de paz que eu nunca havia experimentado. 
Jamais havia tido tamanha disciplina para organizar, e falo de tudo: roupas, objetos, papéis, livros, brincos... 
Não que eu não tenha sonhado com isso antes, ouço minha mãe fazendo planos de organização e reforma desde que me conheço por gente, mas nada nunca saiu do plano das idéias.
Agora foi diferente, a coisa funcionou, todos os dias um pouco de cada vez, sem fugir das caixas recheadas de papéis e lembranças. Sem fugir, sem medo de revirar meu passado, de jogar fora o que não me identifico mais e de guardar com carinho boas lembranças. Hoje eu sei onde guardo minhas memórias.
Importante frisar que não fui acometida por um Transtorno Obsessivo Compulsivo, ná, ná, não. Não chegamos a tanto. Jamais trocaria o prazer de ler um bom conto de Stephen King por uma limpeza no fogão.
Um toque de humanidade é primordial para que a casa de torne aconchegante. 
E o que antes chamávamos de "o apartamento" hoje atende pelo nome de "nossa casa".
Maturidade? Grandes mudanças? Vergonha na cara? Acho que não se trata de nada disso, essa minha mudança apenas faz parte da minha nova maneira de viver, experimentando coisas diferentes, saindo da minha bolha e me permitindo viver com 100% de escolhas. 

domingo, 22 de janeiro de 2012

CARTA ABERTA AO BABACA

Ei ! Você é daquele tipo, isso aquele, o pior de todos. Que coloca toda a parte suja da sua história bem no fundo do guarda roupa, não quer que ninguém sinta o fedor que seu passado emana. Você é daqueles que sonham com o frescor da juventude, entediado no seu teclado procurando alguém de 18 anos, freneticamente flertando para aplacar seu vazio. Você procura a juventude porque perdeu a sua, você quer um vento fresco para amenizar o calor podre do corpo que habita.
Você foi vencido, isso vencido: pelo sistema, pelas convenções... te deram um quadrado e você se sentiu confortável dentro dele. 
Você precisa da melhor marca, da roupa impecável, da vida cheia de brilho para combinar com a vida que escolheu. Você envelheceu e murchou. Rumando agora para uma doença cardíaca, uma amante e muito dinheiro no banco. Vai marchando meu caro, um, dois, um, dois, um dois...
Essa é a sua vida? Ok. Mas não me acuse de maluca, imatura. Eu também sonho mas o frescor está em mim e a juventude...eu suguei tudo que ela podia me dar e ainda me refestelo no pouco que ainda me sobra.
Essa quadrado não me serve, ainda que fosse maior, ah não eu preciso de mais. Eu não quero marchar, quero dançar, quero correr, quero até rastejar, porque opa! sou um ser humano.
Pode marchar darling... o abismo é logo ali!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

QUANDO ESTOU SORRINDO

Não importa o quão maluca seja possa parecer minha vida, o quanto eu ache que vai dar errado, os momentos de questionamentos, de medo, nada, nada, nada arranca de mim a vontade de continuar a seguir em frente.
Nada consegue acabar com a minha capacidade de sonhar. Nada consegue fazer com que minhas emoções fiquem congeladas por muito tempo. Meu olhar continua a perseguir o caminho lá na frente. Faz tempo que deixei de olhar para o chão, deixei também tudo que me fazia pesada e triste.
Minha história não pode ser contada com lágrimas nos olhos, não mereço uma existência podre e melancólica, não sou capaz de vestir as roupas das vítimas, não fui preparada para suplicar, não estou pronta para desistir.
Isso significaria que meu olhos seriam mortos e apagados e meu rosto contaria uma história de renúncias e eu não sei interpretar essa cena.
Não renuncio também ao que foi trágico, mas prefiro levar isso nas minhas marcas, cicatrizes de vida do que carregá-los nas costas. E são essas feridas que quando tocadas me fazem sofrer, e eu sofro e eu choro porque estou sozinha, porque o meu passado hoje vive apenas em algumas fotos: uma casa com janelas quebradas eternamente, o perfume que ela usava, os óculos que ele não tirava jamais e a maneira como sorria. No meio disso tudo sou apenas pequena, apenas uma garotinha de rosto redondo e olhos puxados.
Mas essa é apenas o ontem e no meio de tanta dor, sou puxada de volta ao hoje, porque é ele que importa de verdade.
Porque é no hoje que construo minha família, é no hoje que trabalho para ser uma boa mãe, uma amiga, uma boa esposa, uma boa pessoa. 
Porque não importa quantas marcas eu carregue, são apenas marcas e são menores do que as marcas do meu rosto quando estou sorrindo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

SÃO PAULO

São Paulo, cidade do meu coração, que me faz bem, recarrega as minhas energias. Voltei!
Um dia é suficiente para me fazer feliz. Pensando na vida em suas estações de metrô, retomando meu ritmo no seu centro. Ah! O centro de São Paulo...
Que digam que é você é suja, que você é cinza, que você cheia e seu trânsito insuportável, podem falar também que cheira mal.
Digam, digam, eu não vou desmentir, és tudo isso e mais um pouco. Mas também tem beleza, tem gestos nobres, lugares de saber, lugares com alma, histórias e mais histórias. 
E não é assim a vida? Não somos nós, humanos, assim? Cheios de nuances, cheios de contrastes, tragédias e conquistas, felicidades e lágrimas, beleza e horror, o bom e mau andando lado a lado?
Eu sou e quando caminho em suas calçadas e só assim, me sinto em casa.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SEM REMORSOS

Gostaria de ser estática, planejada como uma cozinha modulada, mulher de cama, mesa e banho, para a vida toda. Gostaria de ser mansa, cordata, calma e plácida. Penso talvez, que a vida assim seja mais branda com que é sereno.
De dentro do castelo de loucuras que é a minha cabeça não há um único dia em que eu não tente domar o animal arisco que habita em mim, não se passa um dia sem que eu me questione...
Mas quanto mais o tempo passa, menos mansa eu me torno e isso nada tem a ver com agressividade, essa tal eu  aprendo todos os dias a deixar adormecida.
Tem a ver com alguma coisa mais profunda, quanto mais eu me calo, quanto mais meu tom de voz diminui, maior é a minha vontade de mudar, de fazer tudo diferente, de me mover. O meu lugar não pode ser apenas esse, já disse, cama, mesa e banho me parece tão pouco e ao mesmo tempo tão seguro...
Manter minhas asas sobre controle está se tornando uma violência, preciso de mais, preciso de mais ar, de mais cor, de mais risos, de mais músicas, de mais, mais, mais.
Hoje li uma frase de Rubem Braga que diz: ‎"Quem viveu a vida sem se poupar, com a ALMA e o CORPO, e recebeu todas as cargas em seus nervos pode conhecer (...) essa vaga sabedoria animal de envelhecer sem REMORSOS." 
Já começo a não me preocupar com quanto será gasto, quanto vou perder, quantos pedaços vão faltar, começo a mudar.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

SOBRE CIGARROS, EMOÇÕES E BALÕES DE GÁS

Conversando aqui e acolá (meu hobby predileto), percebo que as pessoas se casam pelos mais variados motivos: por segurança, pela pessoa certa, por medo, por questões financeiras, para esquecer outras pessoas. Eu me casei exclusivamente por amor, apenas por isso. E quando observo motivos e comportamentos tão diversos em relação ao casamento, me sinto uma heroína de filmes antigos. Casei por amor e nada mais.
Noves fora, estava conversando com meu marido sobre a possibilidade de eu largar o cigarro. Eu lhe dizia que fumar era o meu último ato de rebeldia, ao que ele me rebate: "mas porque ser rebelde, você não tem mais 16 anos?" E curto e grosso, não é que ele tem razão?
A conversa girou em torno de grandes emoções e eu com essa alma cheia de fantasia desatei a falar sobre como eu gostaria de ainda ter fortes emoções em minha vida, nadar com os tubarões e coisas de tipo. Ele disse que não. Retruquei: "como assim? nascimento de um filho, minha formatura, comprar uma casa nova, fazer uma puta viagem?" E mais uma vez, aquele por que eu casei por amor me disse: "Esse tipo de emoção eu quero, são emoções normais".
E eu tive que enfiar minha viola na sacola e admitir de que grandes emoções são coisas mundanas, aceleram o coração por um tempo e depois a vida segue e as contas chegam e precisam ser pagas.
Ele me ensina que a vida é mais simples, que ela simplesmente anda, que não existem tantos motivos para me exasperar e que rebeldia é um conceito muito mais amplo do que jaquetas de couro e cigarros.
A imagem que me veio a mente foi de que sou um lindo balão de gás hélio, que flutua, que brilha, mas se meu querido não segura a cordinha me perco dentro desse céu imenso que é a minha cabeça.
Foi por amor e só por isso que me casei.